A Fundação Escola Bosque organizou atividades pedagógicas extracurriculares com a temática “Funbosque antirracista: Contra toda natureza de racismo!” em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. Também denominado “Dia de Zumbi de Palmares”, a data se tornou feriado nacional ainda este ano, enaltecendo a relevância desta figura histórica como símbolo de resistência para o povo brasileiro.
As atividades pedagógicas foram realizadas na Unidade Sede e na Casa Escola da Pesca (CEPE), cada uma com sua programação independente. Nas programações estavam incluídas palestras, oficinas, rodas de capoeira entre outros atrativos. A participação efetiva dos estudantes foi essencial para incentivar o aprendizado da luta histórica contra a escravidão, o racismo e a opressão. Desta forma, os jovens puderam reconhecer suas atribuições em meio deste processo de conscientização.
Diálogos para uma educação antirracista
No primeiro dia da programação foram realizadas as palestras “O racismo é um processo: ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele” e “Eu, mulher, e o meu lugar no mundo”.
As abordagens buscaram enfatizar a construção histórica e social do racismo e a participação de mulheres na luta por igualdade de oportunidades entre gêneros e raças nos espaços de poder. Discussões e reflexões sobre racismo estrutural, comportamentos e privilégios são essenciais para a construção de uma consciência negra entre os jovens no espaço educacional.
Valorização à cultura afrobrasileira
Apresentações culturais também tiveram espaço na programação de celebração ao Dia da Consciência Negra da Escola Boque. O professor de educação física Dicleidson da Costa foi responsável por coordenar as apresentações do grupo “Escola de Capoeira Legado Ancestral” durante o evento.
Segundo Dicleidson, a inclusão desses projetos no espaço educativo complementa as reflexões sobre a história e a valorização da cultura afrodescendente. “Isso permite com que o jovem se enxergue como promotor e protagonista do movimento capoeira que é um movimento de resistência”, afirma Dicleidson. Ele ressalta que “a mediação de conflitos é tão importante como as habilidades físicas desenvolvidas na capoeira como força, resistência e velocidade. Dessa forma contribuímos para que não haja violência, pois a disciplina e os valores fazem muita diferença no convívio social.”
Além das tradicionais rodas de capoeira, as atividades com foco cultural incluíram oficinas de musicalização, maracas, cerâmica e confecção de apetrechos de pesca. Houve também um mutirão com os estudantes no canteiro de ervas medicinais.
Fortalecendo a identidade através da beleza ancestral
Também foram oferecidas oficinas de trançados para cabelos cacheados e crespos, e um desfile de moda com estampas, figurinos e adereços afrobrasileiros. A colaboradora do Ecomuseu da Amazônia, Nethy Miranda, foi convidada para ser responsável pela produção do desfile. Nethy possui um trabalho de costura criativa que produz peças voltadas para a cultura afroamazônida, o qual assina pelo nome artístico “Nethy – A Filha da Mãe”.
Nethy afirma que atividades como estas estimulam jovens pretos a se reconhecerem dentro de sua identidade de forma positiva, para ela “a prática da educação na valorização de pertencimento e reconhecimento de nossa identidade, não basta apenas falar em sala de aula. Se as culturas negras fossem adotadas na grade curricular das escolas, ou se as famílias em casa não incentivassem as filhas e filhos alisarem os cabelos crespos, velando suas origens, e respeitando a si mesmos e os amigos pretos, teríamos a Consciência Negra e de outras diversidades nas escolas desde cedo, sem passar por cima de sua própria história e identidade” ela conclui.
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