Funbosque promove oficinas sobre equidade de gênero para imigrantes Warao

A oficina de promoção da equidade de gênero “Fortalecendo a autonomia e o cuidado das mulheres Warao” encerrou, na última semana, o ciclo de atividades alusivas ao Outubro Rosa na Funbosque. Voltada especialmente para o público indígena, refugiados e migrantes, o evento foi resultado de uma parceria entre o Conselho Warao Ojiduna (Organização Warao na Região Metropolitana de Belém), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). A oficina contou com 90 participantes, entre homens, mulheres e jovens da comunidade Warao.

Desde a sua criação, o Outubro Rosa é conhecido por ser uma campanha de prevenção do câncer de mama e câncer do colo de útero, mas engloba uma conscientização de cuidados com a saúde feminina como um todo, incluindo a saúde mental e o acesso a direitos reprodutivos. 

A programação da oficina foi dividida em dois momentos. No primeiro momento, homens e mulheres estiveram juntos em uma palestra sobre a importância do fortalecimento de mulheres indígenas para a comunidade como um todo. No segundo momento, os homens participaram de uma oficina sobre companheirismo e masculinidade, enquanto as mulheres trocavam conhecimentos e experiências sobre o parto. 

Valorização da Cultura Tradicional

Cinco parteiras Waraos foram convidadas para conduzir a oficina das mulheres. Segundo a antropóloga e analista socioambiental do IEB, Clèmentine Tinkamo, a parteira é uma figura que representa força e sabedoria entre as mulheres indígenas. 

“Foi um momento muito bom para elas aprenderem, principalmente as mais jovens, pois não ficam tão dependentes dos hospitais, onde nem sempre se sentemconfortáveis”, explica ela, ressaltando a importância de repassar conhecimentos tradicionais às novas gerações. “Isso pode trazer melhorias futuras para o atendimento e acompanhamento às mulheres warao em serviços como o pré-natal”, completa Clèmentine.

Comunidade Warao em Belém 

De acordo com o censo realizado pelo IBGE em 2022, estima-se que cerca de 1.200 indígenas Waraos residam no estado do Pará, especialmente na região metropolitana de Belém. Impulsionada principalmente durante o período pandêmico, a migração dos waraos da Venezuela para o Brasil tem exigido maior atenção por parte da sociedade e do poder público para medidas de acolhimento, integração e empoderamento. 

O Conselho Warao Ojiduna é uma das primeiras organizações de indígenas refugiados no Brasil. Esta organização é estruturada em vários comitês, entre eles o Comitê das Mulheres, responsável por idealizar iniciativas de prevenção à violência doméstica e de melhorias de convivência entre homens e mulheres da comunidade.

Texto:

Rayane Lopes