O projeto AquaHorta tem como principal objetivo integrar o cultivo de peixes e hortaliças como estratégia para diminuir os possíveis impactos causados pela criação de peixes e pela agricultura, além de oportunizar uma prática escolar ecologicamente sustentável, construindo conhecimentos significativos a respeito da relação do homem com o ambiente, a partir de eixos temáticos do currículo da Casa Escola da Pesca. Nessa perspectiva, foi pensado como trabalhar a utilização de fertilizante orgânico na produção de hortaliças, e o reaproveitamento da água dos viveiros escavados na piscicultura, pois essa prática substitui os adubos químicos, tornando o projeto mais viável economicamente e ecologicamente menos impactante.
De acordo com Valenti et al. (2000), produzir sem provocar alterações ambientais é praticamente impossível, porém pode-se reduzir os impactos ambientais através de atitudes sustentáveis. Desta forma, a integração da aquicultura com a agricultura é uma excelente solução para minimizar os impactos dessa atividade, pois irrigar culturas com efluentes provenientes de viveiros de peixes evita a necessidade de descarregar águas ricas em nutrientes nos ambientes naturais, ou na necessidade de tratar essas águas para eliminar nutrientes. Segundo Maia (2008) a aplicação desses efluentes, não somente reduz o custo de obtenção de nutrientes, como também, a quantidade de fertilizantes químicos necessários às culturas.
As mudas de hortaliças serão plantadas próximas aos tanques escavados e a rega feita com a água presente nesses viveiros. Sendo assim, o presente projeto refere-se a práticas de manutenção e preservação dos mananciais aquáticos, tão importantes para o desenvolvimento das comunidades ribeirinhas, e necessário para o desenvolvimento sustentável do distrito de Outeiro, pois sabe-se que o manejo integrado de peixes e hortaliças possibilita à cultura, o suprimento de água e nutrientes, além de microrganismos que exercem um importante papel na solubilização do fosfato natural.
Para Suframa (2003) a aquicultura familiar desponta como alternativa para as comunidades ribeirinhas, não apenas como uma atividade que possa suprir as dificuldades financeiras durante a entressafra do açaí, mas como fonte segura de alimentação para os moradores desta região, dada a sazonalidade tanto da pesca quanto do extrativismo vegetal.
Por isso, a escola deve trabalhar a educação ambiental no sentido de efetivar a formação cidadã, justamente para promover mudanças dos hábitos individuais para coletivos e de forma sustentável, pois para a educação escolar transformar vidas precisa ser capaz de colocar o homem a serviço do bem estar da humanidade.
Além da água dos viveiros, é utilizado como adubo orgânico a produção feita através da compostagem, que retira da natureza uma quantidade significativa de lixo orgânico que seria descartado no ambiente. Nessa perspectiva, percebe-se a necessidade de aprofundar cada vez mais as ações sobre a sustentabilidade ambiental, e a Casa Escola da Pesca fundamenta suas ações no sentido de analisar os fatores que dificultam o desenvolvimento da dimensão socioambiental, justamente para atender as especificidades de sua comunidade, e a partir de então realizar projetos que ajudam a minimizar os impactos ambientais.