A Educação Física Escolar ideal seria aquela na qual os alunos tivessem a oportunidade de vivenciar o máximo de variedades possível de práticas corporais, tais como: Esportes, Jogos, Lutas, Ginásticas, Atividades Rítmicas e Expressivas, como sugere os PCN’s. Levando em consideração o fato de que a escola deve formar cidadãos e não atletas, portanto os professores de Educação Física devem usar uma metodologia voltada para o pedagógico, lúdico, lazer e não esporte de alto rendimento ou método militarista.
As lutas como conteúdo da Educação Física Escolar visam tão somente à vivência dos alunos nessa prática corporal, de tal forma que venha a contribuir para seu desenvolvimento integral, ou seja, cognitivo, afetivo e psicomotor, pois esse é o propósito da Educação Física Escolar, independente da prática corporal, proporcionar por meio desta, uma contribuição para o processo educativo do ser humano.
Para entendermos melhor o papel das lutas na Educação Física Escolar, antes vejamos a definição de Lutas segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do Caratê (BRASIL, 1998: 70).
Segundo os PCN’s (BRASIL, 1988: 96) os objetivos da prática das lutas na escola, são: a compreensão por parte do educando do ato de lutar (por que lutar, com quem lutar, contra quem ou contra o que lutar; a compreensão e vivência de lutas no contexto escolar (lutas X violência); vivência de momentos para a apreciação e reflexão sobre as lutas e a mídia; análise dos dados da realidade positiva das relações positivas e negativas com relação à prática das lutas e a violência na adolescência (luta como defesa pessoal e não para (“arrumar briga”).
A opção por fazer uma investigação sobre a organização do trabalho pedagógico e o trato com o conhecimento das Lutas na Educação Física escolar se baseia no fato de entendermos que, entre os ambientes formais de ensino, a escola é o local privilegiado onde o ensino se dá de forma mais sistemática, desenvolvida e intencional na sociedade capitalista. Entretanto, a opção por um conteúdo específico (as Lutas) não descartará uma análise das relações estabelecidas entre objetivo e avaliação, entre conteúdo e forma das lutas como um todo, não centrando apenas nas relações de ensino-aprendizagem, pois reconhecemos que o trabalho pedagógico é mais amplo que o trabalho docente e extrapola as atividades desenvolvidas em sala de aula.
Atualmente, as diversas modalidades de lutas estão presentes no ambiente escolar, como conteúdo pedagógico. Entretanto, geralmente, elas são ministradas da mesma forma como acontece nas academias de ginástica, nas escolinhas, nos clubes e nos condomínios, geralmente destinadas à aquisição do domínio técnico ou condicionamento físico, à preparação orgânica e funcional de atletas. É fato que ainda persiste o distanciamento do professor de Educação Física com o contexto cultural e pedagógico das lutas. Frequentemente não detêm conhecimentos acerca do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem numa perspectiva pedagógica.
Como principal objetivo o projeto propõe elementos para a organização do trabalho pedagógico e o trato com o conhecimento das Lutas na Educação Física Escolar, bem como atender as necessidades dos alunos da Casa-escola da pesca no que tange ao acesso de atividades corporais no período noturno. Especificamente o projeto organiza o processo de trabalho pedagógico e o trato com o conhecimento desse conteúdo, fomenta vivências corporais de jiu-jitsu, capoeira e defesa pessoal como dinamizador da aquisição de conceitos e práticas harmônicas e ajustadas ao ambiente social; oferece as práticas supracitadas dentro de uma concepção de lazer aos alunos da Casa-escola da pesca que permanecem no ambiente escolar no ambiente noturno, desenvolve a concentração e o equilíbrio psíquico-motor; desperta o interesse pela atividade física; promove a sociabilidade e integração; desenvolve o espírito de liderança, solidariedade e cidadania; estimular o interesse pela escola e convívio familiar e cria um espaço de debates para pautas contemporâneas como estratégia profícua de ruptura de condutas que afrontem a alteridade e os direitos humanos.